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segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Sapatazo

Por Daniela Caldeira,


Quando a Argentina perdeu a partida para o Uruguai, anteontem, e foi eliminada da Copa América, muitos fizeram alusão à decisão da Copa de 50, no Maracanã. Em solo canarinho, o Brasil também perdeu para a Celeste por 2 x 1 e chamaram o episódio de “Maracanazo”. Já os hermanos, jogando no “Cemitério dos Elefantes”, tiveram seu fracasso apelidado de “Elefantazo”.

Os brasileiros não perderam a oportunidade de fazer piadinhas, mas o que a maioria estava esquecendo era de que a nossa seleção jogaria no dia seguinte e o nosso futebol estava longe de ser uma maravilha. E eis que o dia chegou e a partida contra o Paraguai foi dureza. Nossos principais jogadores estavam em outro planeta, porque em campo eles não entraram. O jogo ficou dramático e zerado e a partida se encaminhou para a prorrogação. Nada mudava e a decisão por pênaltis se desenhava. Com a consolidação das penalidades, o Brasil escolheu seus batedores: Elano, Thiago Silva, André Santos, Fred e Robinho.

E o que se viu na seqüência foi inacreditável. Seria melhor ter disputado par ou ímpar, zerinho ou um, palitinho...Nada seria pior do que o que aconteceu. Foram quatro jogadores brasileiros a realizarem as cobranças. Elano foi o primeiro. Isolou. Mas a bola foi tão longe, que o chute de Roberto Baggio em 94 foi fichinha. Depois, Thiago Silva. O zagueiro, um bom batedor, até chutou na direção do gol, mas bateu mal e facilitou a defesa do goleiro paraguaio. Em seguida, André Santos foi para a bola. Pífio. O chute também passou muito acima do gol e o lateral culpou os buracos que existiam no campo. Quando Fred foi para a bola para efetuar a quarta cobrança, ainda havia uma pontinha de esperança, já que dois jogadores do Paraguai desperdiçaram suas penalidades. Mas para que fazer um gol, né?! Fred seguiu no ritmo de seus colegas e chutou bisonhamente para fora, à direita da meta adversária. E assim se encerrou a participação verde e amarela na Copa América. Ridiculamente.

Não sou do tipo corneteira, não gosto de ficar falando de um assunto só porque não houve êxito. Mas a bem da verdade é que essa seleção teve muita badalação e pouco futebol. Muitos estilos, muitos cabelos diferentes, bonés com abas para trás, para o lado, no melhor estilo “malandrinho”, óculos modernosos. Jogadores super conectados em todas as mídias, “twitando” todos os dias, desfilando marcas famosas, fazendo propaganda de todos os tipos de produtos. Nas telas, de um modo geral, todos apareciam muito bem, obrigado. Exceto quando apareciam com a bola nos pés. 


O Brasil não fez uma partida convincente em toda a Copa América. A vitória por 4 a 2 em cima do Equador não pode e nem deve servir como parâmetro para nada. As atuações individuais ficaram muito aquém de toda e qualquer expectativa. Muito foi falado, antes do início da competição, sobre o duelo entre Messi e Neymar. E se o argentino teve lá sua dificuldade em aparecer, o brasileiro só aparecia, de verdade, pelo seu cabelo. O Brasil tropeçou no seu próprio pé. Ou melhor, o Brasil caiu do salto de seu sapato, que não era pequeno. 


Como bem disse o capitão e zagueiro da Seleção, Lúcio, “o escudo que vem a frente da camisa tem que ser mais importante do que o nome que vem atrás”. Em um primeiro momento, isso pareceu ter sido assimilado. Mas viu-se que não. E se esse grupo que está aí – claro que até lá haverá mudanças-, for a base para a Copa de 2014, é melhor abrir o olho: se uma seleção brasileira não se saiu bem diante de adversários relativamente fracos, como as seleções da América do Sul, o que esperar do confronto com seleções mais fortes? Se o salto não quebrar logo, a caminhada será muito difícil.

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